sábado, 14 de junho de 2014

Expedição GR22 - 2ª Parte


No regaço de mais uma aventura PELOTEAM acumulamos mais de 5000 metros de subidas ziza guiadas na grande rota das aldeias históricas portuguesas.

Contrariando o ditado que diz “não voltes ao lugar onde foste feliz” regressámos ao Piódão, onde atracámos há um ano. Quando o sino badalava as 10 horas de um Domingo preguiçoso zarpámos para circunscrever as aldeias que restavam do GR22.


Para aquecer os músculos mastigamos um macerado de alcatrão com declive acentuado que nos catapultou para o alto da serra do açor.

Degustadas as entradas saltamos para o pó dos trilhos serranos que nos levaram num ápice vertiginoso a tocar Vide. Baixamos à cota inicial para contemplar do sopé da mítica serra da estrela aquilo que nos esperava.

Sem espaço para rolar desmultiplicamos a cassete até tocar a avozinha. Pedalada após Pedalada rasgámos um pedaço de serra até cruzar a nacional 338. Perto de Louriga vergamo-nos perante uma placa altaneira que ditava “Parque Natural da Serra da Estrela”. 



Estava dado o mote para a mais dura das subidas que permite conquistar esta serra. Esticamos o altímetro dos 300 aos 1650 metros em 17 km de uma estrada infindável com rampas de 14% de inclinação. Já com ar rarefeito endireitámos os quadros perto das 3 horas quando, em jeito de miragem, olhamos no horizonte as águas gélidas da lagoa comprida. 



Ganhámos a batalha mas perdemos um soldado. No alto dos hermínios, assim designada a Serra da Estrela pelos tratadistas romanos da Antiguidade, deixamos um bravo homónimo que deu voz ao corpo esgotado para chamar o descanso.  

O vento gélido da serra indicava-nos o caminho. Extendia-se uma alcatifa de pedras que muito trabalho deu às suspensões esfomeadas. De solavanco em solavanco saltámos para o vale do rossim que nos recebia para o “almoço”. 

Na casa do Ti’ Branquinho o relógio marcava as 17 horas numa tarde comprida que ainda ia a meio. A dona do espaço afago-nos o espirito com iguarias locais. 



Repostas as calorias com as famosas sandes de queijo e presunto, atestamos os cantis com água do mondeguinho (nascente que dá nome ao rio que aqui desabrocha).



Em toada mais leve iniciamos a subida que nos levava a mais um pico desta etapa. A Santinha acenava-nos do alto com o marco geodésico mais desejado. 


A partir daqui foi sempre a descer até esbarrarmos com a subida final que nos levava ao centro de Linhares da Beira.



Feitos que nem um 8 (hora a que chegámos) recolhemos aos aposentos do INATEL para o merecido descanso. Estava concluída a 1ª das 3 etapas que nos levava ao objetivo da expedição 2014.



Visitámos a “Cova do Lobo” para afinar as papilas gustativas num jantar de degustação que o chefe do restaurante nos preparou.



Na manhã seguinte, às 10 e mais umas fotos, estávamos de abalada para a 2ª parte da nossa aventura. Recuámos no tempo, para entrar numa estrada romana que nos escoltou até à saída desta aldeia. Com Linhares por trás das costas virámos a bussola para Marialva, próxima aldeia da nossa história.



A manhã rolou até reencontrarmos o Mondego. Mais corpulento do que a sua nascente encheu o peito para não nos deixar passar. O caudal transbordante que afogou o trilho do GR22 obrigou-nos a adicionar mais 10 Km de asfalto à contabilidade desta tirada. 

Circunscrevemos o obstáculo para retomar o caminho que nos empurrou para um lugar perdido no inóspito interior do nosso Portugal profundo. Uma aldeia, como tantas outras, petrificada no tempo, onde, também nós, paramos para refrescar os músculos e preparar a subida que nos esperava.

Esventrámos um vale profundo vigiado por tronchudos calhaus que se engalanaram para ver passar o PELOtão. Subimos paulatinamente até lermos a palavra chave “Trancoso” que nos guiava ao “almoço”.

No Jet-lag das refeições saímos da mesa às 17:00 para continuarmos a tirada que nos levava ao objetivo do dia. Hora e meia depois tínhamos Marialva a nossos pés. Faltava a subida que dá enfâse à expressão “Castelo ALTANEIRO” onde íamos pernoitar.



Numa casa senhorial com 500 anos de história ouvimos muitas histórias com que se preencheu o jantar. O caseiro, puxou das memórias para acompanhar o repasto. Por entre tradições mais ou menos perdidas, pincelamos um jantar tradicional com produtos endógenos que nos traziam à mesa os sabores destas terras.



Embreados nas raízes da nossa infância nem demos pelo cair da noite que aqui é mais noite. O manto de estrelas que cobre esta aldeia abafa qualquer resquício de humanização plantada. Por entre murmúrios de esquinas vazias sitiamos o povo despido de gente, para fazermos a digestão de um manjar regional.



Ao raiar do Dia de Portugal subimos ao castelo para imbuir no espirito de conquista que nobres lusitanos nos deixaram como legado.



Juntou-se aos Homens mais um H de Hermínio que de forma estoica quis completar o desafio a que se tinha proposto.  



Há hora do costume soltámos amarras para a 3ª etapa da expedição. Já com nádegas calejadas assentámos o pó de alguns trilhos rolantes que nos atiraram para a garganta de um Fiorde transmontano de rara beleza. Numa descida de secar a garganta cruzámos o rio que nos atraiu para uma cota baixa.



De sentido único a subida secou-nos os cantis e numa cadência suada tivemos de esperar por uma aldeia molhada para reabastecer os níveis de água e glicogénio. 

Repostos os níveis de segurança empinámos para mais uma picada que nos arremessou para mais uma aldeia histórica. Figueira de Castelo Rodrigo foi pretexto para mais umas selfies que levámos para o almoço.


Depois de um ensoado almoço os músculos ficaram preguiçosos. Foi preciso alguma dose de sacrifício para carregar as “Spcialetes” até a raia desta aventura. Perto das 7 estávamos a atravessar a ponte levadiça que nos mostrava a meta desta GRANDE Expedição.


Do Piodão a Almeida foram 230 Km com mais de 5000 metros de subidas acumulada. Na 2ª parte desta aventura que dá por nome “GR22” juntámos às insígnias desta Rota os brasões de “Linhares da Beira”, “Marialva”, Figueira de Castelo Rodrigo” e “Almeida” que tão bem expressam o termo “Aldeias Históricas”.

Desprovidos de gente, mas cheios de memórias estes emblemáticos pilares da história portuguesa constituem uma boa forma de turismo, que, infelizmente não está potenciado. Na beleza destas terras e genuinidade das suas gentes se desenhou mais uma grande aventura PELOTEAM. Assim se vai escrevendo os anais deste GRUPO que a cada pedalada borbulha de amizade.

No desenrolar do papiro dos agradecimentos aqui ficam os predicados de mais um sucesso PELOTEAM:
  • Ao Homem do leme que não largou o GPS para nos guiar nesta aventura
  • À Dona Judite que nos aqueceu a alma com as suas iguarias serranas
  • Ao Chefe do restaurante “Cova da Loba” que nos preparou um ótimo menu de degustação
  • Ao casal que nos recebeu tão bem na “Casa das Freiras” sublinhando as palavras “turismo rural”
  • Ao Sr. Amadeu que nos carregou nos troços de ligação desta expedição
  • Mas especialmente a todos os companheiros de viagem que cruzaram, nestes 3 dias, cumplicidades de uma história que perpetuará a nossa AMIZADE.

Assim se escreve PELOTEAM…


Pelises